Fundamentação teórica – Uma Pedagogia Orgânica

Ao longo desses 7 anos de observação, estudo e reflexão a equipe de educadores e gestores construiu e ainda constrói seu método, ou melhor, sua forma de viver e ser com as crianças de 2 a 6 anos. 

Acreditamos na aprendizagem através das brincadeiras com a Natureza e na interação criança-criança e criança-adulto (também somos Natureza). Nosso planejamento desperta a curiosidade natural das crianças e a alegria de aprender através da música, da arte, da contação de histórias, das celebrações culturais, do fazer manual, tendo como suporte todo o ambiente físico repleto de natureza. Aqui todo o espaço físico é educativo, onde o tempo de aprender não está restrito à hora da atividade dirigida. Aprendemos todos em todos os momentos.
Desta forma promovemos o desenvolvimento integral: físico, socioemocional, cognitivo, linguístico, criativo, cultural de todos que aqui circulam, crianças e adultos.

Nossos primeiros inspiradores são as próprias crianças, seus dizeres, suas histórias, suas expressões. Em seguida olhamos para alguns educadores e grandes estudiosos da infância como:

• Freinet
• Emmi Pikler
• Jean Jacques Russeau
• Paulo Freire

Alguns psicanalistas são nossa lanterna para compreender o que se passa em cada fase da infância:

• Donald Winnicott
• Françoise Dolto
• Ivan Capelatto

Temos um método próprio, uma Proposta Pedagógica Orgânica, uma escola amigável e humana. Lugar que inspira segurança, cuidado e zelo nesta faze tão importante da vida, onde tudo começa.

Nesta Pedagogia Humanista, nós não servimos às teorias e sim nos servimos delas para ofertar a melhor experiência em educação para as crianças.

Nos espaços internos e externos: Casa – espaço essencialmente acolhedor. Com cozinha, sofá, tapete, brinquedos. No quintal – espaço amplo com animais, plantas.

Na Escuta às necessidades das crianças: Utilizamos os cuidados privilegiados, ou seja cada criança é acolhida na sua individualidade nos momentos de higiene e  cuidados pessoais individualizados, sempre acompanhados do mesmo educador, seu educador de referência.
Temos uma rotina de cuidados e acontecimentos bem marcada com repetições para trazer segurança às crianças. 
A alimentação saudável para nós é muito mais do que o ato de comer. É um momento de convivência, de interações, de prazer. A alimentação é antes de mais nada um ato social que alimenta o corpo e também a alma das crianças.
Valorizamos as narrativas orais, narrativas literária e a música viva ofertada todos os dias pelos educadores.
Nosso processo de adaptação é muito especial: gradativo e respeitoso.

Na vida cotidiana de uma casa: Aqui cozinhamos, limpamos, cuidamos e trabalhamos com afazeres manuais (culinária, marcenaria, costura, lida com a terra, manutenção da casa, confecção de brinquedos etc.). As crianças são convidadas a fazerem também e entre um brincar e outro participam, partilham e aprendem na vida cotidiana.

Nas propostas de brincadeiras e músicas da cultura da infância: Diariamente os educadores oferecem possibilidades de  brincadeiras da cultura da infância, brincadeiras arquetípicas como: histórias, rodas e músicas, pular corda, jogar pião, jogos orais etc.

Nas vivências das festas, celebrações e estações do ano: Nosso calendário contempla viver cada Estação, cada Festa da Nossa Cultura Popular juntamente com as crianças e famílias. Toda a casa entra no clima da época: comidas típicas, enfeites, brincadeiras etc.

Sem divisões artificiais

Atendemos 1 único grupo com mais ou menos 25 a 30 crianças. Não fazemos divisões artificiais por faixa etária. As crianças de 2 a 6 anos convivem juntas como numa grande família.

Exploração da natureza

As crianças passam a maior parte do tempo no nosso quintal em contato com a terra, árvores frutíferas, animais de jardim, animais domésticos (galinhas e porquinho da índia), horta de temperos e ervas, flores, gramado, caixa de areia.

Sem pedagogizar/didatizar

O brincar acontece livremente, com o mínimo de intervenções dos adultos. Não utilizamos desse brincar espontâneo para produzir nenhum tipo de conteúdo didatizado ou sistematizado como num método rígido ou estrangeiro. Os educadores realizam intervenções quando algo não vai bem, ou para sugerir alguma brincadeira da cultura popular, em seguida se retira, deixando as crianças livres para explorar, brincar e conviver.

A maioria das atividades propostas pelos educadores são de livre adesão por parte das crianças (vem quem desejar) e planejadas de acordo com as necessidades da casa, das épocas (estações do ano, floração e frutos das árvores etc.) e festas populares. Isto é, sempre motivadas por uma necessidade real da vida cotidiana.

Livre motricidade

As brincadeiras espontâneas de motricidade como pular, correr, saltar, subir em árvores, acontecem diariamente com a supervisão e atenção dos educadores tanto no quintal como dentro de casa, e sempre norteadas pelas regras de segurança instituídas.

Materiais naturais

Priorizamos brinquedos e materiais naturais (terra, argila, madeiras, galhos, matos, algodão, lã etc). Todos estes são muito precisos e considerados materiais pedagógicos.

Brinquedos simples

Sem muitos detalhes, elementos desestruturados como toquinhos de madeiras, tecidos, cordas etc., permitem que a criança desenvolva sua criatividade de maneira mais integral.

Expansão e concentração

O ambiente e a rotina permitem essa atividade/movimento natural das crianças, podendo expandir seu corpo em brincadeiras de intenso movimento ou contrair sua atenção focada nas historias contadas pelos educadores ou nas brincadeiras mais silenciosas.

Ambiente amplo

As casas são grandes possibilitando diversos tipos de brincadeiras. Nosso quintal tem cerca de 600m com várias árvores frutíferas e brinquedos.

Desafios do próprio ambiente

Não temos brinquedões de plástico no quintal, nem circuitos dentro das casas. Temos um ambiente que convoca a criança a brincar com os obstáculos que toda casa possui: degraus, rampas, mesas, cadeiras, toquinhos de madeira, casinhas, livros, brinquedos preciosos (que ficam guardados e logo após o uso tem que voltar para seu lugar ) e um infinito de possibilidades que só quem vive por aqui pode sentir/perceber.