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Uma Escola Quintal para as Infâncias

Em meio ao caos desenfreado do dia a dia, em que muitos adultos são submetidos a correr contra o tempo para ter sucesso na carreira, sucesso na vida; dentro da lógica insustentável do “tempo é dinheiro” ou do “quanto mais produtivo, melhor”, em que organizações como a OMS e a Anamt* vêm apontando doenças novas como a Sindrome de Burnout ou os índices de suicídio crescentes entre jovens e crianças, querer proteger, proporcionar mais tempo às crianças para que possam crescer e se desenvolverem num ambiente suficientemente bom, longe de telas, longe de um sistema fabril de educação, longe das metas, das métricas que regem o mercado produtivo, mas sim, em contato com a natureza e com seus pares para, como dizia Peo** “brincarem em paz” – parece loucura.

Hoje vivemos um paradoxo. Muito se fala sobre a infância, sobre as crianças, sobre como educá-las, como compreendê-las, sobre o quanto são importantes para a continuidade da nossa sociedade no futuro. Mas as crianças nunca estiveram tão sozinhas. Vivem os excessos e as “escassezes” das mais perversas formas: excesso de estímulos cognitivos, excesso de paredes, excesso de telas, excesso de plásticos etc. e escassez de espaço, escassez de tempo, escassez de cuidados, uma lista sem fim de negligências para com as crianças e suas necessidades já bem conhecidas e descritas pelos teóricos das mais diversas áreas.

Uma escola verdadeiramente humanista, uma escola quintal como a Cabana dos Brinquedos, surge na contramão da educação dita tradicional. Numa escola quintal, o quintal com
suas árvores, seus insetos, suas frutas, seus aromas, seus pequenos animais e tantas outras coisas por si só são eminentemente educadoras. A casa, que compões esta escola com seus objetos, tão íntimos, afetivos, das crianças: tapetes, brinquedos, sofá. A casa com seus cômodos e lugares que suscitam aromas e experiências das mais diversas: cozinha, sala das histórias, garagem de brincar, por si só garantem uma gama de estímulos, aprendizagens e aquisições que por vezes não são mensuráveis pelos métodos da pedagogia tradicional.

Pedras, areia, panelas, troncos de árvores, galinhas e seus pintinhos, penas de galinha encontradas perto do galinheiro, balanças, árvores frondosas e seus frutos, tudo isso e muito mais são materiais didáticos, os mais ricos e preciosos.

Numa Casa, não cabem salas de aula, não cabe a lógica do crescimento vertical onde se incha a escola para se obter lucros. Pois as crianças precisam de espaço, de bastante espaço para se desenvolverem. Uma Casa, não aprisiona, não empareda e sim acolhe e nutre o sentimento de segurança, liberdade e autonomia. Seus espaços são amplos, arejados, permitem movimentação e o contato entre diversas idades.

Mas tudo isso só pode acontecer pelas mãos das pessoas. Numa escola quintal, circulam educadores interessados por essa Casa, por esse ambiente de liberdade. Educadores que buscam se orientar pela escuta das necessidades das crianças, que se permitem auto-responsabilizar por tudo e por todos. Sempre atentos, não estão engessados em planejamentos ou atividades didáticas ditadas por esse ou por aquele autor. Sua bússola são as próprias crianças, as reais, as do dia a dia, não as dos manuais técnicos. Sua lanterna para iluminar os caminhos são os autores e outras escolas quintais, fontes de inspiração. Nesse contexto, estudar e pesquisar a cultura da infância é parte fundamental no trabalho educativo.

Além dos educadores, o que mantém uma Casa em pé são as famílias das crianças. Desejam juntamente com todo o corpo docente que este lugar exista para que seus filhos possam usufruir de uma infância mais respeitosa, mais humana. São acolhidos de maneira amorosa, nas reuniões individuais, nas orientações sobre o desenvolvimento infantil. Participam de diversas formas: ajudam a confeccionar os brinquedos, auxiliam na manutenção da Casa e do quintal, participam com afinco nas celebrações da cultura popular.

Gestão democrática? Mais do que isso. Nossa busca é sustentar uma comunidade, no que a essência dessa palavra quer exprimir. Um lugar onde as diferenças são acolhidas, as decisões são compartilhadas, lugar em que todos fazem as mais diversas tarefas. Todos limpam, todos cozinham, todos mantêm a vida da casa e do quintal em curso.

A Cabana dos Brinquedos é uma escola quintal. Um lugar de natureza abundante, a serviço das crianças e não da produtividade. Lugar onde há tempo disponível para se criar laços com o ambiente e com as pessoas e para desenvolver a autonomia e tantas outras competências, mas acima de tudo aprender sobre si mesmo, sobre o mundo e sobre o outro. Inspirados pelas crianças que nos rodeiam hoje e agora e por alguns projetos como a Tearte*** e a Casa Redonda**** em SP, buscamos sustentar essa proposta de uma Pedagogia Orgânica, uma escola mais amigável e humana para a Educação Infantil. Lugar que inspira segurança, cuidado e zelo com essa fase tão importante da vida, onde tudo começa. Uma escola humanista!

Use as publicações de blog da sua empresa para opinar sobre tópicos atuais do mercado, humanizar sua empresa e mostrar como seus produtos e serviços podem ajudar as pessoas.

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